terça-feira, 29 de setembro de 2009

Imundo.

Ah, quanta merda! Quanta merda espiritual. Como fede minha alma. Como a insana se banha em esgotos transcendentais. Imunda alma do mundo. Banho meu corpo em manhãs quentes, mas não há água límpida que faça exalar este fedor. Como gostaria de viver entre ratos e baratas gentis. Meu sangue é lava de esgoto. Meu mundo exterior, mundo, é escandalosamente imundo e limpo. Senhoras educadas e mudas limpam o chão onde piso com formol. Quantas lágrimas eu tenho derramado por este odor queimando minhas narinas. Como quero uma boa sinusite. Poderia morar numa palafita, não ir à escola e empinar pipas em céus azuis sobre mares negros. Quando meu corpo apodrecer, quero ser lançado ao mar negro. Mas não em qualquer negro de qualquer lugar ou qualquer poesia... é à beira do mar negro e podre da triste bahia.

quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Favoritei-me.

* O gozo da língua são as palavras. *

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Tem[p]o.

Santana velava por nós. Fiquei quase quarenta minutos esperando o uefs direta naquele ponto. Não consegui sentir medo da Feira. Estouraram foguetes no céu e todo mundo na rua pensou que fossem tiros. Uma moça sentou depois e disse a outra, aos risos, que tinha sido roubada mais cedo. Logo mais, uma outra moça entrou num beco (claro) entre dois estacionamentos de joão borges. Duas senhoras no ponto disseram: 'olha lá, dalva. é por isso que acontecem as coisas.' Na conselheiro franco, um rapaz com um porrete na mão me pediu moedas. Disse que não queria roubar. Eu, que costumo avaliar caso a caso quando pedem grana na rua, acreditei nele. Dei-lhe cinqüenta centavos. Achei bonita sua forma de coação. O porrete ficou o tempo inteiro com o cano virado pra baixo. Sinal de que ele me respeitava. Era noite e não parei para perguntar o que ele faria com o dinheiro. Estava com pressa.

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

entre-ato.

Minha voz é árida e não haveria de ser outra. Sou um filho do semi-deserto. Léguas tantas distante da casa mátria, tenho-o ainda por conselheiro rude e de fiel sabedoria. Corro tempo de pataca cruzada. Sigo pelo mundo entrecortando a prudência harmoniosa e passiva do silêncio com gritos subitamente tomados pelo fogo que arde o deserto. Grito como quem domina a fera; grito como quem é dominado pela fera. Silencio. Tempo, tempo, tempo. O airbus risca o céu vazado de estrelas e não cumprimenta seu joão. Sertanejos pela noite quase escura assistem televisão.

sábado, 12 de setembro de 2009

RAP Atemporal

[publicado em primeiríssima mão no... twitter]


[meta refrão em batida rap]
Tõuhnch / tchi tõuhnch tõuhnch tchi
Tõuhnch / tchi tõuhnch tõuhnch tchi
Tõuhnch / tchi tõuhnch tõuhnch tchi

A internet é vera
Cidade vasta do mundo
Cardinal amontoado
de vaga vida bundo

[leia-se como o maracanã gritando “ei, galvão”, vai tomar no cú!]

Ei, twitter,
Vá tomar no cú!
Ei, twitter,
Vá tomar no cú!

Se descer da torre paga
Ninguém há para cobrar
Entra na teia da sala
Sinta aranha inocular

Ei, twitter,
Vá tomar no cú!
Ei, twitter,
Vá tomar no cú!

Se dá bom dia o porteiro
Pede as contas pra pagar
Então faltava dinheiro
Pra comprar o celular

Ei, twitter,
Vá tomar no cú!
Ei, twitter,
Vá tomar no cú!

Se quer teu caractere
Sirvo a mesa com chuchu
Abacate e tomate
E pimenta da dudu

Ei, twitter,
Vá tomar no cú!
Ei, twitter,
Vá tomar no cú!

Cê num sabe quê q’o sabo
Tô digitano ligêro
Tô no MSN
Inscreveno dum puteiro

Ei, twitter,
Vá tomar no cú!
Ei, twitter,
Vá tomar no cú!

Subo nu na curta vida
Quente mando um alô
Pr’os filho da guerra fria
Q’olham pro retrovisor

Ei, twitter,
Vá tomar no cú!
Ei, twitter,
Vá tomar no cú!