domingo, 6 de dezembro de 2009

Réquiem nº I



Quis esquecer o celular na rodoviária
Suicidar-me em sites de relacionamento
Um blecaute eterno no mundo
Que secassem os poços de petróleo
Que despencassem as ações ordinárias da google

Quis mergulhar em tanques de gasolina
Bebericar estricninas
Fingir dor sentindo-a frio
Emaranhar-me em teias
nas vãs redes que o tempo tece e cria


Quis sentir dor publicada
Mentiras e tripas arrancadas
na comporta aberta do mundo
w.w.w. (...


Quero fechar a porta)
destrincar suave a janela
sentir a brisa eterna da noite
no porto quente - sem mar - da feira.


.

2 comentários:

  1. Me pergunto (pergunta íntima) como não vi antes o que, agora, está claro. - Essa poesiaficação suave da sua prosa, culminando em versos. Os derradeiros. E outros depois do derradeiro, como sinos de antigas catedrais.

    DSL

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  2. "Eu solto o ar no fim do dia...
    Perdi a vida."

    [sinos de antigas catedrais]

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